A música já berrava nos ouvidos dos adolescentes inconscientes, o coração já vibrava fortemente sob o efeito do álcool e a loucura já se tinha instalada pelo bar inteiro. Mascarados com as mais diversas fantasias, vestindo esses ridículos fatos numa tentativa desesperada de deixar de parte as suas míseras vidas.
Ela estava vestida de hippie na mesa do canto e ele de vampiro, do outro lado do bar, mas os seus olhares estavam constantemente a cruzar-se por entre a multidão que vibrava ao som da música. Suplicavam um pelo outro, desejavam-se incondicionalmente. Numa tentativa de fuga, ela decide levantar-se e sair do bar. A lua cheia brilhava sobre a noite de inverno, e o frio ar gelava as mãos dela enquanto levava o cigarro aos seus lábios carnudos, até que sente a presença de alguém atrás de si. O coração parou. O vento parou. A respiração parou. O tempo parou. Os olhares dos dois estavam agora tão próximos como à uns meses atrás, e sem pronunciarem uma única palavra, ela atirou-se aos braços dele e ele beijou-a ferozmente. A saudade tinha-os consumido de tal forma, que sem permitirem que os seus cérebros pensassem, entregaram-se um ao outro. Permaneceram assim por minutos, até que ela se afastou. Atirou o cigarro para o chão e voltou para dentro.