terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Diamante

O vento sopra com força sobre o meu trémulo corpo. Estou calçada com os antigos sapatos de pontas que costumava usar no ballet. Já estão apertados, mas mesmo assim tento manter o equilíbrio. O vento bate agora com mais força, numa tentativa de me derrubar, mas eu permaneço intacta, com o olhar sempre fixo no horizonte. Começa agora a chover, inicialmente são apenas pequenas gotas de chuva, mas em milésimos de segundo, o pequeno transforma-se numa tempestade torrencial. Sem mexer um único músculo, o meu corpo permanece como estátua. Os dedos dos pés começam agora a sangrar, mas a minha expressão facial não demonstra um pingo de dor. Ali estou eu, parcialmente indolor, parcialmente inderrotável. Interiormente tão frágil como grafite, mas exteriormente tão forte como diamante.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014


Vejo o reflexo desta dócil rapariga através do espelho, tão perfeita que se torna irreconhecível. Do nada, o dócil transforma-se em frio, e o frio transforma-se em quente. Este repentino metamorfismo, leva o meu pensamento a fundir-se com o reflexo, e então... lá estás tu do outro lado do oceano, intocável e inaudível. Olhas me com esses teus fatais olhos, desejas me com essa tua incontrolável loucura. Não é amor é apenas um puro desejo. Mas deste lado do oceano, as lágrimas escorrem, o amor permanece e o desejo incontrolável de que o tempo volte atrás torna-se cada vez mais forte. Tu não sentes. Eu sinto. Tu não sofres. Eu sofro. Tu vives. Eu já morri à muito tempo.